Após mais de duas décadas envolvida com o desenvolvimento de um caça em parceria com a China, a Força Aérea do Paquistão (PAF) colocou em serviço, em 2010, o caça multifunção JF-17Thunder.
Rudnei Dias da Cunha | Revista Força Aérea
Desde sua independência em 1947, o Paquistão se envolveu em duas guerras com o seu vizinho e tradicional rival na região, a Índia, em 1965 e em 1971. Em ambas, o Paquistão sofreu com a sua dependência de material bélico norte-americano, o que chega a causar certa estranheza, uma vez que o Paquistão era aliado dos EUA na região e membro de duas organizações de defesa, a CEATO e a SENTO. Na guerra de 1965, o principal caça empregado pela PAF era o F-86F Sabre; na guerra de 1971, a PAF era dotada dos avançados F-104G Starfighter. Como ambos os caças eram de fabricação norte-americana, a necessidade de manter abertas as linhas de surpimento para os mesmos era o calcanhar de aquiles da PAR; e, em ambas as guerras, os EUA, de imediato, impuseram sanções e estrangularam a PAF em momentos críticos dos conflitos.
JF-17 Thunder |
Como resultado, a partir de 1974, o alto comando da PAF decidiu buscar uma alternativa local para o desenvolvimento, a construção e a operação de um caça multimissão, para todo tempo, de baixo custo. Esse caça, com um raio de ação de 200 mn a 250 mn, deveria ser equipado com radar e quatro mísseis ar-ar de grande capacidade de acoplamento.
Naquele mesmo ano, o Paquistão uniu-se à China no desenvolvimento de uma versão modificada do Shenyang F-7 (versão local do MiG-21 soviético), cujo projeto foi denominado Sabre II. Tal versão atualizada do F-7, no entanto, não atendia aos requisitos da PAF, mas era importante para o Paquistão alcançar o necessário nível tecnológico para o desenvolvimento e a produção de um caça.
O projeto Sabre II sofreu um revés quando o Paquistão adquiriu, em 1980, 40 caças F-16A Fighting Falcon. A China ficou descontente com o aparente realinhamento do Paquistão aos EUA e o Sabre II foi desacelerado. Em 1991, a sócia ocidental do projeto, a empresa norte-americana Grumman Aerospace, retirou-se do mesmo, devido ao massacre na Praça da Paz Celestial, em Beijing, ocorrido dois anos antes. Com isso, o projeto Sabre II acabou por ser abandonado pela China e pelo Paquistão.
O encerramento do Sabre II levou a empresa chinesa CATIC a continuar seus estudos para o desenvolvimento de forma independente de uma versão atualizada do F-7, também conhecida como Super-7. Esses estudos levaram ao desenvolvimento de uma nova aeronave, denominada FC-1 (Fighter China 1).
Em 1992, a China convidou, então, o Paquistão para mais uma vez se alilar ao desenvolvimento de uma aeronava de combate; o investimento no projeto traria, em troca, a transferência de tecnologia e o acesso ao projeto e desenvolvimento da aeronave. As empresas participantes do consórcio de desenvolvimento e produção eram a Chengdu Aircraft Industries Corporation (CAC) e o Pakistan Aeronautical Complex (PAC). Com a entrada do Paquistão no projeto, o FC-1 - chamado de Xiaolong (Dragão Feroz) pelos chineses - foi denominado JF-17 (Joint Fighter 17) Thunder pela PAF.
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