Pular para o conteúdo principal

Os F-86 da RAF

Pouca gente sabe e a história se encarregou de esquecer, mas a RAF usou o F-86 por pouco tempo e por pura necessidade.


Por Giordani | Cavok

Em 1948, o governo canadense decidiu reequipar a RCAF (Royal Canadian Air Force – Real Força Aérea Canadense) com o F-86 Sabre e a Canadair foi contratada para produzi-los sob licença em solo canadense.


Um lote inicial de 10 aeronaves foi encomendado para verificação do ferramental, mas com a eclosão da Guerra da Coréia, o pedido mudou para um lote de produção de 100 aeronaves.

A Canadair construiu sua unidade de produção para fabricar todos os componentes com equipamentos relacionados, obtidos de outros fornecedores canadenses e o Sabre produzido localmente recebeu a designação de projeto CL-13.

A Canadair produziu seis versões do CL-13 Sabre. O Sabre Mk.1 era essencialmente o mesmo que o F-86A da USAF. Ele tinha um turbojato General Electric J47-GE-13 de 2.300 kg de empuxo. O Sabre Mk.2 tinha o mesmo motor, embora após as primeiras 20 aeronaves terem sido produzidas, o restante da produção foi distinguido por ter controles servo-assistidos e um profundor “todo móvel”.

O Mk 3 foi o primeiro dos Sabres canadenses a usar o turbojato Avro Canada Orenda (Orenda 3 com empuxo de 2.700 kg). O Mk.4 manteve o motor da General Electric e foi destinado para a RAF e depois foi transferido para outras forças aéreas.

Em meados de 1952, o Sabre Mk.4 entrou em produção com o primeiro a voar no dia 28 de agosto de 1952. Além de algumas pequenas alterações estruturais e de sistemas, incluindo melhor ar condicionado e mira, o Mk 2 e o Mk 4 eram idênticos. Dos 438 Mk.4 construídos, aproximadamente 70 foram usados temporariamente pela RCAF. Os outros Sabre 4 foram diretamente para a RAF sob um programa de ajuda mútua, equipando 11 esquadrões da RAF. A maioria serviu na Alemanha Ocidental com a OTAN, com dois esquadrões sendo baseados no Reino Unido como parte da RAF Fighter Command. O Sabre Mk.4 serviu com a RAF até meados de 1956, quando foi substituído pelo Hawker Hunter.

Os sobreviventes foram reformados no Reino Unido e entregues à USAF (que financiou essas aeronaves) que, por sua vez, as repassou para outros membros da OTAN.

Os Sabres com a RAF

Não é amplamente conhecido, mas o Sabre da Canadair serviu com a Royal Air Force por um breve período. Durante o início da década de 1950, os Sabres da RCAF eram na verdade os únicos caças de asa enflechada disponíveis para a defesa da Europa Ocidental. Naquela época, a Real Força Aérea ainda estava voando com Gloster Meteor e DeHavilland Vampire, enquanto esperava que o Supermarine Swift e o Hawker Hunter atingissem o status de produção.

No início de 1953, a RAF decidiu, com alguma relutância, adquirir o Sabre para preencher a lacuna. Os Estados Unidos ajudaram a financiar 430 caças Sabre Mk 2 e Mk 4 para a RAF.

A Grã-Bretanha obteve três Mk 2 em outubro de 1952. Estes foram emprestados em preparação para a entrega de nada menos que 428 Sabre Mk 4. As entregas continuaram de dezembro de 1952 a dezembro de 1953.

Os aviões foram destinados para uso na Alemanha como parte das obrigações da Grã-Bretanha para com a OTAN.

A RAF manteve os números de marca da Canadair, mas os transformou no estilo britânico como F.2 e F.4.

O primeiro Esquadrão da RAF a receber o Sabre foi o Esquadrão Nº 67, que entrou em operação em maio de 1953. Em dezembro, o Esquadrão Nº 66 tornou-se a primeira unidade Sabre de Comando de Caça da RAF. Os Esquadrões Táticos da Força Aérea RAF 3, 4, 20, 26, 67, 71, 93, 112, 130 e 234 foram reequipados com o CF-86 e foram baseados na Alemanha. Os Esquadrões de Comando de Caça 66 e 92 permaneceram na Inglaterra com seus Sabres.

O RAF Sabre XB982 (o 773º Sabre fabricado pela Canadair) foi usado como teste para o motor Bristol Siddeley Orpheus 801 em 1958. Se esse motor estivesse disponível mais cedo, o motor Orpheus poderia ter sido adotado para o Sabre da RAF, mas a essa altura o Sabre já havia chegado ao fim da linha e aeronaves mais avançadas já estavam entrando em serviço.

O serviço do Sabre com a RAF foi bastante breve, sendo a aeronave vista apenas como um tipo provisório (tampão). Em junho de 1956, todos os Sabres da RAF baseados na Alemanha haviam sido substituídos. Os antigos Sabres da RAF foram então transferidos para outras forças aéreas europeias; a Itália recebeu 180 aeronaves e a Iugoslávia 121.

Entre 1956 e 1958, 302 ex-RAF Sabres foram devolvidos à USAF. Estes aviões foram designados F-86E(M) para fins de manutenção de registros, onde o M significava “Modificado”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Curtis P-36 na FAB

Em meados da década de 30, o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos - USAAC solicitou a realização de uma concorrência nacional com o objetivo de efetuar a substituição dos veteranos caças Boeing P-26 "Peashooter" em suas unidades de combate. Por Aparecido Camazano Alamino Participaram do evento inúmeros concorrentes, porém os projetos da Indústria Seversky, com o seu Seversky P-35, e o da Curtiss-Wright Corporation, denominado de Curtiss P-36, foram escolhidos como os finalistas. Após as rigorosas avaliações realizadas pela Aviação do Exército Americano, o Curtiss P-36 foi a aeronave escolhida. Curtis P-36 Hawk | Reprodução Em julho de 1937, as primeiras unidades de caça do USAAC começaram a operar o novo caça, que também despertou o interesse de várias nações como a França, que iniciou a sua montagem sob licença, e a Inglaterra. O enorme desenvolvimento dos caças no início da Segunda Guerra Mundial, praticamente ofuscou o P-36, que já saiu praticamente ultrap...

FMA IA 58 Pucará

O FMA IA 58 Pucará (do termo quechua: «Fortaleza») é um avião bimotor turboélice de combate ligeiro, desenvolvido e fabricado pela Fabrica Militar de Aviones da Argentina, na década de 1970.  Wikipedia É projetado para operar em pequenas pistas de terra e sua missão primordial é de apoio à forças terrestres, combate anti-helicópteros e missões de contra-insurgência. FMA IA 58 Pucará Foi utilizado na Guerra das Malvinas. Desenvolvimento Nos anos 1960, a Guerra do Vietnã demonstrou que aeronaves de ataque ao solo convencional não eram eficientes no combate aos guerrilheiros vietcongs. Assim, a indústria de aeronaves militares mundial iniciou o desenvolvimento de diversos projetos para atender essa necessidade. Em 1966, a Dirección Nacional de Fabricación e Investigación Aeronáutica (DINFIA), estabeleceu parâmetros para o desenvolvimento de uma aeronave de ataque leve. Assim surgiu o projeto AX-2. Para acelerar a construção, a DINFIA utilizou o projeto do IA 50 Guaraní I...

JF-17 Thunder - o trovão paquistanês

Após mais de duas décadas envolvida com o desenvolvimento de um caça em parceria com a China, a Força Aérea do Paquistão (PAF) colocou em serviço, em 2010, o caça multifunção JF-17Thunder. Rudnei Dias da Cunha | Revista Força Aérea Desde sua independência em 1947, o Paquistão se envolveu em duas guerras com o seu vizinho e tradicional rival na região, a Índia, em 1965 e em 1971. Em ambas, o Paquistão sofreu com a sua dependência de material bélico norte-americano, o que chega a causar certa estranheza, uma vez que o Paquistão era aliado dos EUA na região e membro de duas organizações de defesa, a CEATO e a SENTO. Na guerra de 1965, o principal caça empregado pela PAF era o F-86F Sabre; na guerra de 1971, a PAF era dotada dos avançados F-104G Starfighter. Como ambos os caças eram de fabricação norte-americana, a necessidade de manter abertas as linhas de surpimento para os mesmos era o calcanhar de aquiles da PAR; e, em ambas as guerras, os EUA, de imediato, impuseram sanções e est...